sábado, 27 de outubro de 2007

AVIAÇÃO COMERCIAL NA REGIÃO ÁSIA/PACÍFICO

Os dois fenômenos da atualidade: China e Índia.


Nos últimos tempos tenho escrito, sistematicamente, e de maneira contundente, a respeito da importância da confecção e do cumprimento de planejamentos factíveis para o Sistema de Aviação Civil Brasileiro, para se fazer frente ao crescimento do setor. Apesar deste crescimento por aqui ser classificado como acentuado, há diferenças na forma de se lidar com ele, tanto na China como na Índia. Vejamos, então, a seguir, como andam as coisas com a aviação do outro lado do mundo.
O crescimento das empresas aéreas e do tráfego de cargas na região ÁSIA/PACÍFICO tem sido o mais rápido do mundo, levando-se em conta as duas últimas décadas. E, por incrível que pareça, estima-se que esta tendência permaneça pelos próximos 20 anos.
Conforme as últimas previsões da ICAO – International Civil Aviation Organization, os indicadores de desempenho dos transportadores aéreos da região, relacionados aos índices de passageiros-km e tonelada-km (carga) transportados, crescerão a uma razão-média anual que ficará entre 05% e 08%, respectivamente. Enquanto o crescimento da aviação no passado foi comandado pelos países industrializados mais novos da região, no fururo ele será determinado pelo desenvolvimento da China e da Índia.

O atual tráfego combinado destes países representa cerca de 06% do tráfego aéreo mundial, tanto em termos de passageiros-km como de tonelada-km transportado, e ao redor de 25% do tráfego regional, com os números da China excluindo Hong Kong e a Região de Administração Especial de Macao.
Ao longo dos últimos 05 anos, a média de crescimento das companhias aéreas baseadas nesses dois países ultrapassou, em muito, a média do crescimento mundial. As empresas aéreas e as autoridades governamentais de ambos colocaram em prática planos empresariais considerados agressivos, realizaram encomendas de aviões na ordem de 1.000 aeronaves a jato, a serem entregues nos próximo qüinqüênio, e estão retirando das pranchetas projetos bilionários de construção de novos aeroportos, na tentativa de estimular a competição e sustentar este dramático cenário de crescimento.
O ranking da China e da Índia, em termos de volume de passageiros, comparando-se os anos de 2006 e 2005, foi publicado pelo ICAO Journal, de maio/junho de 2007. Nesta publicação podemos observar que a China transportou um total 137 milhões de passageiros em 2005, contra 158 milhões em 2006. No setor doméstico, estes números representaram 125 milhões de passageiros em 2005, contra 144 milhões em 2006. Nestes dois anos, a China ocupou o segundo lugar no ranking mundial de tráfego de passageiros, com este crescimento, semelhante ao brasileiro, pouco acima de 15%.
Já a Índia, transportou 28 milhões em 2005 e 40 milhões em 2006, concernente ao tráfego total. No segmento doméstico, transportou 22 milhões em 2005 e 33 milhões em 2006. Estes números representaram expressivos índices de crescimento, que foram da ordem de 42% e 50%, respectivamente.
Com PIBs – Produtos Internos Brutos – projetados para vivenciar vigorosos crescimentos e com as rendas per capta em ascensão, a maioria das previsões para a China e a Índia acusa uma razão anual de crescimento destes países no patamar de 08% ou superior, considerando as duas próximas décadas.
A previsão de investimentos em construção de aeroportos na China é estimada em 18 bilhões de dólares americanos, com a meta de edificar mais de 40 (quarenta) novos aeroportos até 2010. Há algo em torno de 690 (seiscentos e noventa) aeronaves encomendadas, com entregas programadas até 2013. E a China está classificada em segundo lugar no ranking de tráfego aéreo civil mundial, tanto em termos de passageiros-km como de tonelada-km (carga) transportados.
As transportadoras aéreas da Índia ordenaram cerca de 430 (quatrocentos e trinta) novas aeronaves, as quais estão agendadas para entrar em serviço, nas atuais empresas, entre os anos de 2012 e 2013. A expectativa de que a indústria aérea do país experimente fortes índices de crescimento nos próximos anos fará com que o tráfego doméstico supere consideravelmente o tráfego internacional.
Baseados em estimativas conservadoras, a Índia vê a possibilidade de ascender para a 8a posição, em relação ao tráfego total (doméstico e internacional), até 2012, e para a 4a colocação no que se refere ao volume doméstico de tráfego, até 2010, no ranking de tráfego aéreo civil mundial.
Bem, frente a este panorama acredito que possamos fazer um juízo de valor do que é necessário para se enfrentar crescimentos expressivos na Aviação Civil, especialmente no que tange à encomenda de aviões e a investimentos para a construção de aeroportos e outras exigências da infra-estrutura aeronáutica, pois esse segmento de transporte não suporta a falta continuada de investimentos.
Aguardemos, então, para ver se as autoridades brasileiras irão se sensibilizar, a ponto de partir para a execução de investimentos maciços no setor aéreo, a fim de que, pelo menos, saiamos da atual crise com a oportunidade de crescer de forma sustentada num futuro próximo.
A esperança é a última que morre!

Um comentário:

Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom